quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Homem e a Máquina - Espaço, corpo do tempo

Ajustamos os controles de nossa máquina do Tempo e começamos a voltar rapidamente ao mundo do passado. Nossos foguetes de recuo exercem forte oposição à natural marcha do Tempo. Em poucos segundos estamos esquadrinhando o mundo de 20 anos passados. Os mísseis de linha de montagem, os aviões a jato e reatores atômicos não existem mais.
À medida que nosso mundo fica mais jovem, torres de rádio e antenas de TV desaparecem. Todas as aeronaves somem dos céus. No início do séculos as estradas pavimentadas se desintegram, transformando-se em caminhos poeirentos. Os automóveis cedem lugar aos vagarosos cavalos e carroças. As lâmpadas elétricas gradualmente se apagam. Usinas elétricas e linhas de transmissão contraem-se até desaparecerem. A primeira baforada da máquina de vapor pára de repente.
O mundo se torna cada vez menos reconhecível à medida que nos movemos rapidamente através dos lentos passos do século XVIII. As cidades industriais que tanto progrediram definham e se transformam em pequenas cidades ou revertem às florestas virgens. Os grandes portos do mundo, tão familiares, são reduzidos a sossegados atracadouros onde navios pequenos descarregam suas cargas raras e preciosas de chá, café e algodão.
À medida que recuamos pelo século anterior, vilas estranhas aninham-se junto aos altos muros dos castelos medievais. Os camponeses se curvam sobre suas enxadas cavando ao lado de seus burros carregados de carga.
Lugares longínquos como a China e o Japão têm outros nomes, tais como Catai e Cipango.
Nossa breve viagem através do tempo termina em Florença, no ano de 1464. Aí se inicia a idade da máquina na mente de Leonardo da Vinci.”

Beril Becker. O Homem e a Máquina. Apud Ruy Moreira. Espaço, corpo do tempo. Tese de Doutorado, Departamento de Geografia da FFLCH da Universidade de São Paulo, 1994).

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