ENEM

As Habilidades e Competências do Enem
Fonte: MEC

Valther Maestro

Matriz de Referência de Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias




Competência de área 1 - Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 - Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

Competência de área 2 - Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais. A área 2 será incluída apenas a partir de 2010

H5 – Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 - Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 - Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.

Competência de área 3 - Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.

H9 - Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 - Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11 - Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.

Competência de área 4 - Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.

H12 - Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 - Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 - Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.

Competência de área 5 - Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.

H15 - Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 - Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.

Competência de área 6 - Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

H18 - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 - Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 - Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.

Competência de área 7 - Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.

H21 - Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 - Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 - Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24 - Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.

Competência de área 8 - Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 - Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social.
H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Competência de área 9 - Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.

H28 - Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 - Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 - Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.




Matriz de Referência de Matemática e suas Tecnologias

Competência de área 1 - Construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais.

H1 - Reconhecer, no contexto social, diferentes significados e representações dos números e operações - naturais, inteiros, racionais ou reais.
H2 - Identificar padrões numéricos ou princípios de contagem.
H3 - Resolver situação-problema envolvendo conhecimentos numéricos.
H4 - Avaliar a razoabilidade de um resultado numérico na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas.

H5 - Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos numéricos.

Competência de área 2 - Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.

H6 - Interpretar a localização e a movimentação de pessoas/objetos no espaço tridimensional e sua representação no espaço bidimensional.
H7 - Identificar características de figuras planas ou espaciais.
H8 - Resolver situação-problema que envolva conhecimentos geométricos de espaço e forma.
H9 - Utilizar conhecimentos geométricos de espaço e forma na seleção de argumentos propostos como solução de problemas do cotidiano.

Competência de área 3 - Construir noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

H10 - Identificar relações entre grandezas e unidades de medida.
H11 - Utilizar a noção de escalas na leitura de representação de situação do cotidiano.
H12 - Resolver situação-problema que envolva medidas de grandezas.
H13 - Avaliar o resultado de uma medição na construção de um argumento consistente.
H14 - Avaliar proposta de intervenção na realidade utilizando conhecimentos geométricos relacionados a grandezas e medidas.

Competência de área 4 - Construir noções de variação de grandezas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

H15 - Identificar a relação de dependência entre grandezas.
H16 - Resolver situação-problema envolvendo a variação de grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
H17 - Analisar informações envolvendo a variação de grandezas como recurso para a construção de argumentação.
H18 - Avaliar propostas de intervenção na realidade envolvendo variação de grandezas.

Competência de área 5 - Modelar e resolver problemas que envolvem variáveis socioeconômicas ou técnico-científicas, usando representações algébricas.

H19 - Identificar representações algébricas que expressem a relação entre grandezas.
H20 - Interpretar gráfico cartesiano que represente relações entre grandezas.
H21 - Resolver situação-problema cuja modelagem envolva conhecimentos algébricos.
H22 - Utilizar conhecimentos algébricos/geométricos como recurso para a construção de argumentação.
H23 - Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos algébricos.

Competência de área 6 - Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

H24 - Utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas para fazer inferências.
H25 - Resolver problema com dados apresentados em tabelas ou gráficos.
H26 - Analisar informações expressas em gráficos ou tabelas como recurso para a construção de argumentos.

Competência de área 7 - Compreender o caráter aleatório e não-determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas, determinação de amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.

H27 - Calcular medidas de tendência central ou de dispersão de um conjunto de dados expressos em uma tabela de freqüências de dados agrupados (não em classes) ou em gráficos.
H28 - Resolver situação-problema que envolva conhecimentos de estatística e probabilidade.
H29 - Utilizar conhecimentos de estatística e probabilidade como recurso para a construção de argumentação.
H30 - Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos de estatística e probabilidade.


Matriz de Referência de Ciências da Natureza e suas Tecnologias






Competência de área 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.


H1 – Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 – Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 – Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
H4 – Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável da biodiversidade.
Competência de área 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


H5 – Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 – Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
H7 – Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.


Competência de área 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações científico-tecnológicos.


H8 – Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
H9 – Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos.
H10 – Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
H11 – Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 – Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.


Competência de área 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.


H13 – Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
H14 – Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
H15 – Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 – Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.


Competência de área 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.


H17 – Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 – Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
H19 – Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.


Competência de área 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.


H20 – Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 – Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
H22 – Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
H23 – Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.


Competência de área 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico tecnológicas.


H24 – Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
H25 – Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção.
H26 – Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 – Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.


Competência de área 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico tecnológicas.


H28 – Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros.
H29 – Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas ou produtos industriais.
H30 – Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.






Matriz de Referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias







Competência de área 1 - Compreender os elementos culturais que constituem as identidades

H1 - Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 - Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 - Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
H4 - Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.

Competência de área 2 - Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

H6 - Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 - Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações
H8 - Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e sócio-econômicas em escala local, regional ou mundial.
H10 - Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.

Competência de área 3 - Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

H11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 - Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 - Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14 - Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 - Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

Competência de área 4 - Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.

H16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 - Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 - Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

Competência de área 5 - Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 - Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 - Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 - Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.

Competência de área 6 - Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

H26 - Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 - Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos.
H28 - Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio- ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 - Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 - Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
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As 5 grandes Competências do ENEM
Valther Maestro
Apresentaremos a seguir as grandes competências do Exame Nacional do Ensino Médio. Elas exigem dos estudantes e dos educadores uma série de novos procedimentos no contexto escolar.
I. Dominar linguagens (DL):
Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica.

II. Compreender fenômenos (CF):
Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

III. Enfrentar situações-problema (SP):
Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

IV. Construir argumentação (CA):
Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos, disponíveis em situações concretas, para construir uma argumentação consistente.

V. Elaborar propostas (EP):
Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
Mas o que são habilidades e competências?
As habilidades/competências são inseparáveis da ação, por isso exigem o domínio de uma série de conhecimentos e uma série de vivências.
As habilidades se ligam a atributos relacionados não apenas ao saber-conhecer, mas ao saber-fazer, ao saber-conviver e ao saber-ser. As competências pressupõem operações mentais e capacidades para usar as habilidades, empregando atitudes adequadas à realização de tarefas, na busca de soluções de problemas, bem como na elaboração de projetos para modificar a realidade vivida. Além disso, as competências se constituem num conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que devem estar corporificadas no estudante, garantindo sua inserção na vida em sociedade.
Essas 5 “grandes” competências, acima apresentadas, revelam aquilo que se espera do estudante que está terminando o ensino médio, ou seja, um conjunto de conhecimentos aplicáveis a sua vida e um conjunto de saberes que transforme esse estudante em sujeito de sua história e que garanta que ele realmente seja um cidadão. Mas tais competências não estão isoladas, elas fazem parte de um conjunto amplo de competências/habilidades que estão contidas nas 4 matrizes do conhecimento (tais matrizes já estão disponíveis em nosso site para a sua análise).
Para obter um bom resultado no ENEM, o estudante deve demonstrar a compreensão de que o espaço social é dinâmico e sofre alterações em função da ação da natureza e dos seres humanos, sendo que cada ser humano deve assumir-se e perceber-se como sujeito do seu processo histórico.

Deve, também, demonstrar clareza sobre a importância da ciência como um dos caminhos para a busca de soluções para os problemas materializados em nossa sociedade. Além disso, deve valorizar as múltiplas linguagens, enfatizando a importância da cultura e da arte para o desenvolvimento social. Desta maneira, o estudante deve revelar a compreensão desse todo social, e isso estará refletido em suas escolhas (questões) e em suas propostas (redação).

Para tanto, mais do que estudar para elaborar uma boa “prova”, o estudante deve acreditar em suas respostas e deve entender que elas fazem parte da busca de solução para uma série de desafios da vida de qualquer cidadão, principalmente daqueles que desejam ingressar numa universidade para construir sua formação profissional.

Assim, o candidato que respeita a sua história, a da sua comunidade e a da sua nação, refletirá e materializará na sua avaliação o papel dos jovens na sociedade.

Esta reflexão aponta-nos na direção da articulação entre as habilidades e as competências, pois o ENEM possui essa característica principal: revelar o processo de formação do jovem, sua concepção de mundo, seus anseios, suas perspectivas, suas propostas, seu papel na sociedade, sua compreensão das relações socialmente construídas, identificando que ele não venha a ferir as leis construídas em nosso país e os valores culturais do povo brasileiro.
Os PCNs do Ensino Médio revelam tal abordagem:
“De que competências se esta falando? Da capacidade de abstração, do desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade, da curiosidade, da capacidade de pensar múltiplas alternativas para a solução de um problema, ou seja, do desenvolvimento do pensamento divergente, da capacidade de trabalhar em equipe, da disposição para procurar e aceitar críticas, da disposição para o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da capacidade de buscar conhecimento. Estas são competências que devem estar presentes na esfera social, cultural, nas atividades políticas e sociais como um tudo, e que são condições para o exercício da cidadania num contexto democrático” (PCNs Ensino Médio).
Como atingir essas 5 grandes competências?
Lendo; compreendendo; analisando; interpretando; confrontando idéias e opiniões; entendendo propostas e aplicando-as em sua realidade; criticando; argumentado; propondo e intervindo.
Podemos afirmar que as competências permitem a mobilização de conhecimentos para que se possa enfrentar uma situação problema. Uma pessoa competente é aquela que desenvolve respostas inéditas, criativas e eficazes para problemas novos.
Para tanto o estudante deve:
• Construir, desconstruir e reconstruir conceitos;
• Compreender os fenômenos da natureza;
• Compreender a relação espaço-tempo, analisando as mudanças na sociedade e no planeta como um todo;
• Compreender o desenvolvimento tecnológico, verificando os avanços, conquistas e desafios;
• Aplicar os conceitos construídos em seu cotidiano, demonstrando ter clareza de que eles fazem parte da sua vida.

Como conseguir isso fazendo uma “prova” objetiva:

1. Ler com atenção os enunciados das questões e a proposta da redação (produção do texto dissertativo), verificando que o que está sendo pedido faz parte da sua vida, do cotidiano da sociedade e materializa-se no espaço do nosso país;

2. Compreender o que está sendo pedido, analisando a relação espaço-tempo, as informações científicas contidas nas questões e as possíveis soluções para os problemas apresentados;

3. Interpretar gráficos, tabelas, mapas, charges, poesias e textos literários, percebendo que podem existir opiniões diferentes sobre o mesmo assunto. Confrontar tais opiniões e fazer uma escolha, defendendo seu ponto de vista;

4. Verificar como as opiniões diferentes estão materializadas em nossa sociedade, ou seja, transpor a situação problema para o cotidiano, percebendo que o que se cobra é um fato real.

5. Elaborar na redação - texto dissertativo propositivo - sem erros gramaticais, sem necessidade de utilizar palavras “rebuscadas” ou que não sejam utilizadas em nosso dia-a-dia, e propondo uma intervenção na realidade social, revelando seus valores individuais e coletivos, sem ferir nenhum valor socialmente construído.

O Enem é uma avaliação que exige uma articulação entre os conhecimentos, os procedimentos, os valores e as atitudes do estudante. Tal articulação indica uma ruptura com as ações e os comportamentos respaldados em repetições e padronizações, ou seja, ele revela uma ação educativa que rompe com os conhecimentos sem significância.



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Matriz de Referência Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Valther Maestro
As Competências dessa área do conhecimento são:

1. Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

2. Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.

3. Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.

4. Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.

5. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva, da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

6. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.

7. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

8. Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.

Em 2009, o ENEM verificará essas 8 competências na área de códigos, linguagens e suas tecnologias. Os destaques que fizemos, no corpo do texto publicado pela comissão organizadora do ENEM, revelam que o candidato deve compreender que a linguagem é um dos caminhos para a construção de sua identidade local e global e que a partir dela podemos analisar e intervir no mundo em que vivemos.

Verifique a síntese dessas competências. Observe que elaboramos um texto só com o que foi destacado. Reflita sobre o que você deve demonstrar que sabe.

O estudante deverá mostrar que:
Aplica as tecnologias da comunicação em contextos relevantes, compreendendo e usando a linguagem corporal como relevante a vida, e geradora de integração e formação de identidades. Compreender a arte como cultura e estética do mundo e da sua identidade. Analisar, interpretar e aplicar as expressões de comunicação, os textos com seus contextos, verificando a produção e recepção da informação:
• quem fala
• sobre o que se fala
• com quem fala
• com qual finalidade se fala

Compreender e usar símbolos diferentes para a organização cognitiva, as múltiplas expressões, todas as formas de comunicação e a interpretação e o uso da informação. Confrontar opiniões e pontos de vista diferentes, compreendendo e usando a língua portuguesa como: geradora de significado e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

Entender a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, associando a linguagem e suas tecnologias aos conhecimentos científicos, visando interpretar, interferir e solucionar problemas.

Assim, acredita-se que: no plano da linguagem, o ensino dos diversos gêneros textuais que socialmente circulam entre nós, além de ampliar sobremaneira a competência lingüística e discursiva dos estudantes, aponta-lhes inúmeras formas de participação social que eles, como cidadãos, podem ter fazendo uso da linguagem. Nasce, então, um estudante crítico, leitor do mundo.

Assim, a arte de ler-escrever está em suas mãos. Só conseguiremos ser bons leitores se realmente lermos. Um bom leitor é aquele que contextualiza o que está lendo, aprecia o que se lê e produz novas leituras. Mas o que devemos ler:
• Imagens;
• Símbolos;
• Gestos;
• Intenções;
• Situações;
• Novas linguagens;
• O local que vivo;
• O mundo que estou inserido.

A melhor maneira de ler-escrever é se livrar das amarras que nos impedem de realizar tais atos. Escreva para seus amigos, escreva para você, leia em voz alta, leia em silêncio. Adquira o hábito da leitura e transforme-o na arte de decodificar os símbolos do mundo em que vivemos.

Moldar a linguagem, entender seus códigos e suas tecnologias, para obter um bom resultado na vida e nas etapas que ela trará a você, pode nascer na vivência de vários ambientes diferentes, pois o bom leitor-escritor é aquele que vivência inúmeras situações diferentes, que tem o que dizer e que consegue estar presente no contexto do mundo atual. Com isso, o nosso sucesso como ser humano, como cidadão tem muito a ver com a nossa linguagem e o uso que fazemos dela.

Perceba que todos os textos e contextos estão organizados em torno de alguns elementos básicos:
• Tempo – quando
• Lugar – onde
• Ação/fato – o quê
• Personagens – quem

As narrativas de nossa sociedade estão assim organizadas e são transmitidas dessa maneira. Assim, ao ler um enunciado de um exercício, ao ler uma proposta de redação, ao ler as possíveis respostas de questões de uma prova objetiva (de múltipla escolha), você deve identificar tais elementos, assim, com certeza conseguirá perceber o que está sendo pedido.

Perceba que as questões de uma prova como ENEM apresentaram sempre um assunto, delimite esse assunto ao ler, grife as palavras chaves. Ao delimitar o assunto, você deve começar a criar hipóteses sobre o que poderá ser perguntado, isso revelará a você, se você possui conhecimento sobre aquele assunto. Com a delimitação da que esta sendo lido, você terá mais facilidade para separar as informações, organizar as idéias e verificar o que se pede. Com certeza obterá muito mais argumentos para escolher a resposta correta.

Sendo assim ao ler, procure sempre observar o que de fato está sendo transmitido, e todas as idéias contidas no texto. Verifique também se as informações são verdadeiras e suficientes para chegar a uma conclusão.


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Matriz de Referência Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Valther Maestro


A matriz de referência de Ciências da Natureza e suas tecnologias verificará se os estudantes durante o ensino médio desenvolveram algumas competências e habilidades no ensino da Biologia, da Física e da Química, conhecimentos esses que devem acima de tudo dialogar com o mundo real.

Diante desse aspecto o: compreender, identificar, associar, entender métodos e procedimentos, bem como a apropriação dos conhecimentos específicos dessas ciências, visa a elaboração de propostas de intervenções e a possibilidade de analisar situações problemas na busca de entender o mundo em que vivemos.

Analise as competências que serão cobradas dos candidatos no Enem:

1. Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.

2. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.

3. Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações científico-tecnológicos.

4. Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.

5. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.

6. Apropriar-se de conhecimentos da química, física e da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico tecnológicas.

Os destaques que fizemos, no corpo do texto publicado pela comissão organizadora do ENEM, revelam que o candidato deve compreender que as ciências da natureza e suas tecnologias também é um dos caminhos para o entendimento dos avanços conquistados pelos seres humanos a partir de suas descobertas e interpretações dos fenômenos físicos e químicos, bem como a possibilidade de planejar intervenções científicas diante de desafios contidos na relação sociedade-natureza. Verifique a síntese dessas competências. Observe que reescrevemos as competências só com o que foi destacado.

Compreender as ciências naturais e as suas tecnologias como construções humanas, verificando seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social. Identificar e aplicar as tecnologias diferentes contextos. Associar intervenções de degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais. Compreender interações entre organismos e ambiente, relacionadas à saúde humana. Entender métodos e procedimentos aplicá-los em diferentes contextos. Apropriar-se química, física e da biologia para interpretar, avaliar, planejar intervenções em situações problema.

Assim, acredita-se que: no plano do ensino das ciências da natureza e de suas tecnologias o candidato terá condição de analisar os avanças da ciências, verificando como tal evolução foi possibilitada pelas descobertas que os seres humanos realizaram a partir de suas leituras, análises, interpretações e atuações nessa relação com os elementos da natureza. Assim, acredita-se que teremos um leitor do mundo em que vive e que consegue propor intervenções a partir do avanço da ciência.

As ciências da Natureza podem levar educadores e educandos em busca de novos caminhos e, metodologias inovadoras. Que venha ajudar a atual forma de transmitir conhecimentos, na procura da melhora educacional. E nessa jornada atrás de novas e mais eficaz maneiras de educar e propor intervenções no mundo que se vive.

Esse trabalho com as competências busca do estudante uma motivação e participação tanto na compreensão da teórica científica quanto dos experimentos práticos que se pode realizar para sistematização de fenômenos da natureza. Assim, o candidato deve ter vivenciado projetos e atividades práticas envolvendo ambiente e materiais específicos da biologia, da física e da química, onde a aplicação dos conceitos básicos fundamentais à compreensão fossem verificados, reformulados, sistematizados, garantindo assim o entendimento da especificidade dessas ciências.

Com isso, o que se pretende são as aulas práticas em momentos de descoberta e elaboração de propostas a partir dos resultados obtidos.
Com essa expectativa, é fundamental que, a concepção curricular deva propiciar rupturas e saltos epistemológicos contribuindo com a perspectiva interdisciplinar para as investigações sobre o cotidiano escolar num movimento de apreender o específico e os singulares do conhecimento com a totalidade e as contradições emergidas nas relações científico/culturais no contexto escolar que expressam a complexidade da vida (MORIN, 1987).

No que tange às áreas de Ciências da Natureza, e suas Tecnologias, almeja-se o desenvolvimento de competências e habilidades que permitam ao estudante o estabelecimento de conexões entre o conhecimento científico e o domínio de novas tecnologias dentro do ambiente social em que ele se encontra inserido. Nesse contexto, os educadores e educandos devem enfrentar o desafio de interpretar as dinâmicas sociais de nosso tempo e criar modelos pedagógicos adequados que correspondam a essa realidade. Certamente esses atores estão tentando responder ao desafio.

Para tanto é necessário:

• Estabelecer conteúdos específicos da Biologia, da Física e da Química numa perspectiva sócio-cultural e que dialoguem com as 30 habilidades de cada ciência;

• Criar ou ampliar o espaço de diálogo entre estudantes e professores, buscando levantar hipóteses e elaborar projetos de pesquisa;

• Conhecer e experimentar os diferentes métodos científicos usados na área das ciências da natureza, tais como: experimentação, trabalho de campo, herborização, preparação de lâminas, insetário, construção de experimentos, comprovação de dados, etc.



Notícias:

Estudo revela maiores problemas ambientais que afetaram MT
20 de agosto de 2009 - 08:40h
Autor: Só Notícias/Leandro J. Nascimento

Um estudo divulgado pela Confederação Brasileira dos Municípios com base em dados da pesquisa de Informações Básicas Municipais – Perfil dos Municípios Brasileiros/MUNIC 2008 revelou quais foram os principais problemas ambientais que mais atingiram as cidades brasileiras nos anos de 2006 e 2007. O topo do ranking é ocupado pelas queimadas, verificadas em 54% dos municípios pesquisados. O desmatamento figurou na segunda posição ao ser notado em 53% do território. Já o assoreamento de corpos d’ água afetou 40,8%.

A relação apresenta também itens como a poluição e a escassez de água, quarto e quinto lugares com 41,7% e 40,8% respectivamente. Figuram na lista ainda contaminação do solo, poluição do ar, redução da quantidade/diversidade ou perda da qualidade de pescado, degradação de áreas legalmente protegidas, alterações de paisagens entre outros.

Em Mato Grosso, 76,60% dos gestores colocaram as queimadas como primeira colocada na lista das maiores preocupações. Do ranking nacional, este foi o sétimo maior percentual demonstrando a incidência de casos desta natureza entre os municípios. No Espírito Santo 82,1% das prefeituras relataram ter havido problemas com queimadas. Sergipe (76%) e o Mato Grosso do Sul (75,6%) apareceram em segundo e terceiro, consecutivamente.

Ao contrário da estatística nacional Mato Grosso não colocou o desmatamento como segundo maior problema ambiental. Mas sim o assoreamento (que ocorre quando há obstrução de um rio, canal ou açude pelo acúmulo de substâncias minerais ou orgânicas – areia ou argila – ou intervenções humanas, como a ocupação inadequada do solo, desmatamento, queimadas, e demais fatores). De acordo com a confederação, Mato Grosso foi o sétimo Estado que mais registrou assoreamento (63,1%). O Espírito Santo lidera as ocorrências no Brasil, com 82,1%.

No tocante a poluição do ar, 36,88% das cidades afirmaram ter enfrentado o problema em Mato Grosso. Gestores acusaram ainda problemas relacionados a redução da quantidade de diversidade ou perda da qualidade de pescado (31,91%), degradação de áreas protegidas (34,04%), e atividade pecuária prejudicada por problemas ambientais (17,73%).
Fonte: http://www.sonoticias.com.br


Artigo: Ciências da natureza
Escrito por Arno Alvarez Kern
Qua, 20 de Agosto de 2008 02:38

As evidências de atividades humanas nos longos períodos a serem estudados, principalmente no campo da pré-história, colocam em destaque a dialética que envolve a sociedade e a natureza. A reconstituição dos modos de subsistência dos primeiros grupos que se estabeleceram e se desenvolveram na região platina exigem dados paleoclimáticos. Aspectos como este levam os pesquisadores a procurar informações complementares possibilitadas pelas ciências da natureza, que incluem diversas contribuições específicas:

No campo da biologia, a botânica e a zoologia fornecem informações a partir da análise de fósseis e restos de plantas e pólen. A genética e a ecologia não apenas fornecem informações sobre a evolução e as interações entre os seres vivos.

A física e a química contribuem em testes de laboratórios, especialmente no estabelecimento de datações atômicas.

As geociências, ou ciências da terra, a geologia e a geografia física, fornecem informações sobre as eras geológicas, a formação do relevo da região e as bases para estudo da estratigrafia dos sítios arqueológicos.

As ciências da natureza, por sua vez, quando se preocupam com as mudanças ocorridas no tempo e no espaço, também recebem subsídios para seus estudos a partir de informações das pesquisas arqueológicas, que podem ajudar a comprovar ou questionar hipóteses.

Se por um lado atualmente é mais fácil elaborar mapas mais precisos, a partir dos dados geológicos, florísticos e faunísticos, por outro lado impõe-se a obrigatoriedade de uma formação consistente de novos pesquisadores capazes de fazer as necessárias correlações de dados. Preparo e diálogo interdisciplinar são requisitos fundamentais para o estudo das interações que envolvem a sociedade e a natureza.
Fonte: http://proprata.com/conhecimentos/ciencias-naturais
Última atualização em Sáb, 21 de Março de 2009 20:18


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A dissertação do ENEM
Valther Maestro
O texto Dissertativo é, antes de tudo, um texto científico. Pode ser argumentativo ou expositivo-informativo. No caso do ENEM a dissertação deve ser argumentativa, que possui um caráter pessoal, onde o candidato revela: suas convicções, seus valores e o seu sentido de pertencimento social. O candidato poderá, também, apresentar uma proposta de intervenção na realidade (logicamente se isso for pedido) – por isso, o estudante deve ler com atenção a proposta da redação.
Quanto à estrutura do texto Dissertativo, temos a produção baseada em uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão.
A introdução é o parágrafo de apresentação do texto. Considero como sendo o mais importante. Uma introdução bem elaborada garantirá ao estudante 50% de seu texto, por isso a introdução deve ser feita com muito cuidado e atenção.
O desenvolvimento consiste na explanação da ideia apresentada na introdução. A progressão temática deve ser apontada no desenvolvimento. A exigência é para o desenvolvimento do texto, pois, antes de oferecer uma progressão temática, temos que ter a apresentação a qual estará presente na introdução do texto, por isso que a introdução é tão importante. No desenvolvimento do seu texto, você deve expor a sua idéia, exemplificá-la e apresentar argumentações consistentes sobre o assunto trabalhado .
A conclusão é o fechamento do que foi apresentado em todo o texto. Pode ser oferecida uma solução, consoante a progressão temática, uma reafirmação mais crítica acerca do que foi abordado ou, até mesmo, um comentário ampliando a progressão.
Quanto à produção, deve o produtor primar:
1. Pelo uso da norma culta da língua portuguesa;

2. pela concisão, fundamental para a compreensão do texto. Vale ressaltar que não devemos confundir objetividade com parágrafos reduzidos (poucas linhas). Para que o texto seja objetivo, os períodos devem estar bem formulados;

3. pela argumentação e fundamentação com convicção e precisão;

4. pela centralização da ideia principal;

5. pela proposta apresentada no parágrafo final.

Muitos estudantes dizem: "Eu tenho muitas ideias, domino o assunto, mas, quando vou colocá-las no papel, não consigo. Trava. Dá um branco. Nada organizo." Isso que pode acontecer com você, não é ruim...isso mesmo, não é ruim! Fique feliz...pois você não deve colocar todas as ideias em uma única temática, isso seria uma loucura!
O texto dissertativo deve ser trabalhado com apenas uma ideia. A progressão temática representa a geração de exemplos e argumentações sobre essa ideia. Toda essa geração deve ser baseada em uma única ideia. Não esqueça isso. A palavra ideia está se repetindo com um único objetivo: centralize a ideia e passe a gerenciar seu texto.
Algumas Dicas:
1. Faça um rascunho;

2. Anote ao lado da proposta da redação Suas Ideias;

3. Escolha uma Ideia e pense em exemplos e argmentações;

4. De preferência para os exemplos que podem ser observados no contexto do nosso pais;

5. Crie elementos coesivos para cada parágrafo

6. Escreva em ordem direta

7. A coesão e a coerência do seu texto estará diretamente ligada aos tempos verbais que você utilizar, isso dará solidez ao seu texto.

8. Lembre que você está escrevendo para alguém, portanto, o texto deve ser compreendido facilmente. Antes de chegar na versão final, leia seu texto, e retome os pontos que apresentarem dúvidas ou fragilidades.

9. Exercite, produza textos dissertativos utilizando propostas diferenciadas.
Leia com atenção essa sugestão de tema para a elaboração de um texto dissertativo. Utilize tal proposta e faça uma reflexão ampliada com sua família, em sua sala de aula, entre você e seus amigos.
Tema:
O PENSAMENTO PODE NOS SALVAR? DO QUE PRECISAMOS SER SALVOS?
Nós, seres humanos, somos seres que necessitamos do pensamento, porque ele é a proteção que o homem possui para sobreviver no mundo. E o pensamento nasce da necessidade. É o desafio vital que desafia o pensamento. Diante disto, pergunta-se como pode o homem utilizar o seu pensamento, conhecimento, criatividade para escapar do trator virulento da civilização, quer no tocante ao meio ambiente, ou à vida em sociedade, ou ao conflito entre religiões e povos? Desenvolva um texto dissertativo que procure responder a esta questão e explicar por que, para a sobrevivência do homem no planeta, é tão necessária a criatividade. Para o desenvolvimento de seu texto, considere o texto abaixo.

Hoje serei didático. Direto. O assunto é criatividade. Criatividade deve ser coisa boa porque todo mundo a deseja, mesmo sem saber do que se trata.

Comecemos por uma afirmação óbvia: somente os seres humanos são criativos. Os animais não são criativos. O mundo dos animais se desenvolve dentro de uma tranqüila mesmice que se perde no passado: as abelhas fazem suas colméias como sempre fizeram; os caramujos fazem suas conchas como sempre fizeram; os sabiás cantam seus cantos como sempre fizeram. Animal não inventa. Não precisa inventar.

Criatividade é precisamente isto: inventar. Fazer existir coisa que não existia. Nós inventamos músicas, roupas, armas, comidas, técnicas, jogos, brinquedos, livros. Essas coisas não existiam. Os animais, ao contrário, desejam que nunca haja mudança. Eles cantam a doxologia: “Como era no princípio, é hoje e para sempre, séculos sem fim, amém”. As mudanças, imperceptíveis, acontecem à revelia do que eles podem pensar. Animal não pensa, não precisa pensar. O pensamento é a busca do que não existe, a gestação do que não existe, o não-existente, sob forma virtual, antes de existir de forma real.

Os animais não precisam nem pensar nem criar porque eles são perfeitos. O que é perfeito não precisa mudar. Não quer mudar. Gato quer ser gato, borboleta quer ser borboleta, caramujo quer ser caramujo. Usando uma imagem do biólogo Uesküll, depois adotada por Goldstein, Cassirer e Merleau-Ponty, digo que os animais são músicas completas. Cada uma de um jeito. Alguns são músicas curtinhas, outros, músicas mais compridas. Uns, músicas monótonas como o cantochão. Outros, saltitantes como a “Pequena serenata” de Mozart. Mas o que importa não são as diferenças. O que importa é que todas elas são completas. Sendo completas, são perfeitas. Sendo perfeitas, são sempre repetidas. Todos os animais são melodias que se tocam, sem fim. Melodias acabadas. Terminadas as melodias, o compositor, seja o criador ou a evolução, colocou nelas a sua assinatura: “Amém, assim seja por todos os séculos”.

Agora o absurdo, o contraponto, o tema invertido: os homens precisam pensar e criar porque eles são imperfeitos. Pensamento e criatividade nascem da imperfeição. Como os animais, os homens também são melodias. Melodias interrompidas, melodias inacabadas, como “A arte da fuga” de Bach. Deus (ou a evolução) compôs só um pouquinho, muito pouco – escolheu os instrumentos da orquestra, tocou a introdução e, com um sorriso matreiro na boca, disse para a melodia assim iniciada: “Termine-se! Se você não se terminar vai desaparecer!” E esta é a história da humanidade: os homens, as culturas, tentando continuar a composição incabada.[...]

Os bichos não inventam máquinas. Não precisam. Seus corpos são máquinas perfeitas. Completas. Dão conta da vida. E o homem? Coitado. Corpo desajeitado. Molengão. Lerdo. Nariz ruim. Olho ruim. Ouvido ruim. Jamais pegaria um passarinho. Jamais pegaria um peixe. Aí, com fome, o corpo começou a pensar: “Haverá um jeito de pegar um passarinho? Haverá um jeito de pegar um peixe?” E foi por isso, porque não conseguia competir com os bichos de corpo perfeito, que o corpo imperfeito do homem se pôs a pensar.O corpo imperfeito do homem inventou o pensamento. O pensamento do homem existe para inventar aquilo que o corpo não tem. Inventou a fecha, a rede, a armadilha, a roda, a bicicleta. Invenções são melhorias para o corpo.

[...]. Quando o corpo tem dor, ele ordena ao pensamento: ‘Descubra um jeito de pôr fim a essa dor”. E foi assim que a anestesia, a aspirina, a dolantina foram descobertas. Se o corpo não sentisse dor, se ele fosse pedra nada disso teria sentido. [...]

Alberto Caieiro estava absolutamente certo quando disse que “pensar é estar doente dos olhos”. O pensamento nasce da doença. O pensamento existe para curar a doença do corpo. O homem é, de nascimento, um portador de deficiência física. Por isso ele desenvolveu e hipertrofiou a capacidade de pensar. A função do pensamento é inventar, para o corpo, aquilo que ele não recebeu por nascimento.



(ALVES, Rubem. Conversas sobre educação. Campinas, SP: Versus Editora, 2003, p 119-124).


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Matriz de Referência Matemática e suas Tecnologias
Douglas Dantas*
Valther Maestro**


A seguir apresentaremos as competências que serão avaliadas no Enem para Matemática e suas tecnologias.

1. Construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais.

2. Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.

3. Construir noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

4. Construir noções de variação de grandezas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

5. Modelar e resolver problemas que envolvem variáveis socioeconômicas ou técnico-científicas, usando representações algébricas.

6. Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

7. Compreender o caráter aleatório e não-determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas, determinação de amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.


Observe o que destacamos:

• Construir significados para os números.

• Utilizar a geometria para ler e representar a realidade e agir sobre ela.
• Construir: noções de grandezas e medidas e noções de variação de grandezas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.

• Modelar e resolver problemas socioeconômicos ou técnico-científicos, usando a álgebra.

• Interpretar leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

• Compreender a aleatoriedade e indeterminação dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos para medir, amostrar e calcular probabilisticamente visando a interpretação de informações estatística.

Observando apenas os verbos que iniciam as competências cobradas na avaliação do ENEM para Matemática, podemos perceber uma forma resumida de aprender matemática, tendo em vista que:
• Quem conhece, modela.
• Quem modela, constrói.
• Quem constrói, resolve.
• Quem resolve, interpreta.
• Quem interpreta, compreende!

Contextualizando Ensino de Matemática
Os primeiros registros matemáticos que se tem conhecimento, datam de 2400 a.C e estão diretamente associados a atividades práticas do quotidiano das sociedades, como por exemplo a medição de terrenos, contagem, contabilidade, previsão de eventos astronômicos entre outros. À medida que as sociedades evoluíam, a matemática acompanhava o desenvolvimento, criando e aperfeiçoando teorias e conceitos de acordo com a necessidade da população. O tempo passou, muito mudou, mas a matemática continua, cada dia mais presente no dia a dia das pessoas e a cada nova tecnologia inventada, algum conceito ou técnica matemática está presente nesta inovação, buscando sempre atender as nossas necessidades.
Mas, se a matemática vem acompanhando a evolução humana e está presente de forma prática em nosso cotidiano, por que o ensino de matemática não evolui, junto com a tecnologia e com o próprio conhecimento matemático? Porque as aulas ainda são expositivas, onde o professor passa para o quadro negro aquilo que ele julga importante? Por que ao invés dos estudantes aprenderem, tornam-se copiadores, repetidores?

Para que essas indagações não persistam por mais tempo, diversos estudos vêm buscando um novo significado para o ensino da matemática, reformulando seus procedimentos e técnicas, com o auxílio de quem tem muita ajuda da matemática, a tecnologia. Um primeiro passo visando a reformulação do ensino, foi a publicação dos PCN’s que no caso da matemática, busca adequar o trabalho escolar a uma nova realidade, marcada pela crescente presença desta área do conhecimento em diversos campos da atividade humana.

O ensino de Matemática costuma provocar duas sensações contraditórias, tanto por parte de quem ensina, como por parte de quem aprende: de um lado, a constatação de que se trata de uma área de conhecimento importante; de outro, a insatisfação diante dos resultados negativos obtidos com muita freqüência em relação à sua aprendizagem.

A constatação da sua importância apóia-se no fato de que a Matemática desempenha papel decisivo, pois permite resolver problemas da vida cotidiana, tem muitas aplicações no mundo do trabalho e funciona como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. Do mesmo modo, interfere fortemente na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento e na agilização do raciocínio dedutivo do aluno.

A insatisfação revela que há problemas a serem enfrentados, tais como a necessidade de reverter um ensino centrado em procedimentos mecânicos, desprovidos de significados para o aluno. Há urgência em reformular objetivos, rever conteúdos e buscar metodologias compatíveis com a formação que hoje a sociedade reclama.
(PCN’s, 1997)

As novas propostas de ensino da matemática colocam o estudante como o centro do processo educacional, enfatizando o aluno como um ser ativo no processo de construção de seu conhecimento, e o professor atuando como orientador e monitor das atividades realizadas pelos estudantes. Assim, os principais interessados em aprender estarão em contato direto com o seu mundo, podendo interpretar e compreender os fenômenos matemáticos reais.

A proposta do PCN não tenciona ser profissionalizante, mas sinaliza um aprendizado que seja útil à vida e ao trabalho. Assim, destacam que as informações, o conhecimento, as competências, as habilidades e os valores desenvolvidos devem servir de instrumentos para a percepção, satisfação, interpretação, julgamento, atuação, desenvolvimento pessoal e aprendizado permanente, e não apenas como tópicos essenciais para uma outra etapa de escolaridade.

Em relação ao conhecimento em Matemática, o PCN destaca que a educação atual precisa se voltar para o desenvolvimento das capacidades de comunicação, de resolver problemas, de tomar decisões, de fazer inferências, de criar, de aperfeiçoar conhecimentos e valores, de trabalhar cooperativamente.

“É importante destacar que a Matemática deverá ser vista pelo aluno como um conhecimento que pode favorecer o desenvolvimento do seu raciocínio, de sua sensibilidade expressiva, de sua sensibilidade estética e de sua imaginação'' (PCN's,1997)
As idéias básicas contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais em Matemática refletem, muito mais do que uma mera mudança de conteúdos, uma mudança de filosofia de ensino e de aprendizagem, como não poderia deixar de ser. Apontam para a necessidade de mudanças urgentes não só no o que ensinar mas, principalmente, no como ensinar e avaliar e no como organizar as situações de ensino e de aprendizagem.
O papel da Matemática no Ensino Fundamental e Médio como meio facilitador para a estruturação e o desenvolvimento do pensamento do(a) aluno(a) e para a formação básica de sua cidadania é destacado.''...é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares.''E mais adiante: '' Falar em formação básica para a cidadania significa falar em inserção das pessoas no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura, no âmbito da sociedade brasileira (MEC/SEF,1997,p.29).
A elaboração da prova do ENEM, desde o seu surgimento é um ótimo exemplo de que o ensino de matemática está sendo reformulado. Trazendo questões contextualizadas, com dados reais e situações próximas da realidade do estudante, o ENEM começa a modificar as aulas de matemática, que antes eram restritas aos conceitos teóricos e às fórmulas e agora começam a dar aos números um novo sentido para os estudantes do ensino médio.

Perceba que as questões de uma prova como ENEM apresentaram sempre um assunto, um desafio, um problema a ser resolvido. Delimite o problema ao ler, grife as palavras chaves. Ao delimitar o assunto, você deve começar a criar hipóteses sobre quais as possibilidades de resolução para o que esta sendo pedido. Com a delimitação do problema e criando as hipóteses você obterá muito mais argumentos para escolher a resposta correta.

Sendo assim ao ler, procure sempre observar o que de fato está sendo pedido e quais as possibilidades, normalmente não é necessário realizar grandes cálculos, mas sim utilizar o raciocínio e a lógica matemática.

Ultimamente, muito se ouve falar de habilidades e competências, mas sabemos realmente o que é isso?
As competências cognitivas são as modalidades estruturais da inteligência. São ações e operações que uma pessoa utiliza para estabelecer relações com e entre os objetos de conhecimento, ou seja, para fazer conexões com aquilo que se deseja conhecer. As habilidades instrumentais referem-se, especificamente, ao plano do “saber fazer” e decorrem, diretamente, do nível estrutural das competências já adquiridas e que se transformam em habilidades.
O processo de aquisição de conhecimento passa pelo “saber fazer”, o que precede o “compreender e explicar”, ou seja, para tornar-se competente em determinado assunto é preciso adquirir certas habilidades.
Para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a equipe de elaboração da avaliação tem enfatizado as competências relativas ao domínio básico da norma culta da Língua Portuguesa e do uso das diferentes linguagens: matemática, artística, científica, etc. A construção e aplicação de conceitos de várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. A seleção, organização e interpretação de dados e informações representadas de diferentes formas para enfrentar situações- problema, segundo uma visão crítica com vistas à tomada de decisões. Também, em relação a organização das informações e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para a construção de argumentações consistentes.
Considerar esse conjunto de habilidades e competências no trabalho da sala de aula do ensino médio possibilita propostas de intervenção solidária na realidade, as quais considere a diversidade sociocultural inerente à condição humana no tempo e no espaço.
_________________________
*Douglas Dantas - Bacharel em Matemática Pura, Bacharel em Matemática Aplicada e Computacional, Licenciado em Matemática pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Atualmente realiza Pós-Graduação em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense. Atua na Caminhos&Paisagens no desenvolvimento de projetos, na construção de material didático e no desenvolvimento de softwares educacionais.
** Valther Maestro - Educador há 24 anos. Atua como: Palestrante da Editora FTD, Diretor de Criação e Desenvolvimento de Projetos da Caminhos&Paisagens e Assessor Pedagógico do Colégio Dominus Vivendi. Escreveu livros didáticos de Geografia para o ensino fundamental, para educação de Jovens e Adultos (EJA) e paradidáticos, pelas Editoras FTD e Pueri Domuns Escolas Associadas. Coordena o Projeto Novo Olhar do Colégio Dominus Vivendi, o Projeto Play Escola do Playcenter, o Projeto Caminho das Águas do Wet’n Wild, o Projeto Natureza do Beto Carrero World e o Projeto Contextura do Colégio Marista Graças. Assessora: a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (CENP-SEE) para a formação continuada dos professores responsáveis pelos projetos de educação ambiental e a Província Marista do Rio Grande do Sul para as questões do Enem. Nos últimos anos palestra sobre: Os Novos Paradigmas Educacionais, Avaliação na Escola Renovada, O Novo ENEM e Como Educar os Filhos no Mundo Atual. Especialista em Questões Ambientais e Mestre em Geografia Humana, com o tema: Modernização, Reestruturação e Qualidade de Vida. O Trabalho de Doutorado reflete sobre os Novos Paradigmas Educacionais.


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As Competências de Ciências Humanas e suas Tecnologias
Valther Maestro

1 - Compreender os elementos culturais que constituem as identidades

2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

3 - Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

4 - Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.

5 - Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

6 - Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

Em 2009, o ENEM verificará essas 6 competências na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Os destaques que fizemos, no corpo do texto publicado pela comissão organizadora do ENEM, revelam que o candidato deve compreender que relação entre a sociedade-natureza está diretamente ligada a um conjunto de relações sociais, econômicas e políticas; que estas se materializam nas paisagens do espaço global e local, e nas técnicas e tecnologias, explicitando a relação espaço-tempo; e que tal entendimento possibilita o desenvolvimento de novas relações e novas intervenções.

Além disso, na área das ciências humanas, o candidato deverá revelar que valoriza os fundamentos da vida em sociedade, respeitando os preceitos democráticos e demonstrando sua atuação/crença no exercício da cidadania, justamente quando respeita as identidades culturais do povo brasileiro, suas conquistas, suas lutas e suas instituições; bem como a sua percepção de que a vida em sociedade está diretamente ligada à maneira de viver, pensar e produzir.

As reflexões do Prof. Milton Santos nos ajudam a entender a importância das Ciências Humanas.

No que toca às ciências humanas, tratava-se muito mais uma revolução que mesmo de uma evolução. Para isso, contribuíram três razões essenciais: em primeiro lugar, os próprios suportes do trabalho científico progrediram muito; em segundo lugar, as necessidades dos utilizadores mudaram; e finalmente, o objeto da atividade científica se modificou.
Os instrumentos de trabalho postos nas mãos dos pesquisadores, os métodos de aproximação da realidade colocados à sua disposição conheceram um desenvolvimento notável, desde que um grande número de elementos novos tornaram-se disponíveis. Referimo-nos, particularmente, aos progressos da automação. Isso dotou a pesquisa de meios que, ao menos em aparência, deviam permitir uma definição mais exata das realidades, ensejando chegar assim à postulação de leis pertinência pode, todavia, ser discutidas.
Nas condições atuais do mundo, ainda mais que na era precedente, o espaço está chamado a desempenhar um papel determinante na escravidão ou na libertação do homem... um número avultado de geógrafos consciente ou inconscientemente deu uma colaboração ao mesmo tempo preciosa e perniciosa à expansão do capitalismo e à expansão de todas as formas de desigualdade e opressão...Devemos nos preparar para uma ação no sentido oposto, que nas condições atuais, exige coragem, tanto no estudo quanto na ação, a fim de tentar fornecer as bases de reconstrução de um espaço geográfico que seja realmente o espaço do homem, o espaço de toda gente e não o espaço a serviço do capital e de alguns...os instrumentos de universalização, dos quais costumamos dizer que eliminam o tempo e reduzem o espaço, só realizam esse milagre para poucos! Quantos, na realidade, podem beneficiar-se das facilidades de contato criadas pelo avião ou pelo telefone? Quantos podem ter acesso à difusão de um saber multiplicado e universalizado? As próprias estradas de rodagem que se expandem, dentro de cada país, e as próprias ruas, dentro de cada cidade, somente são utilizadas por alguns”.
Milton Santos. Por uma Geografia Nova – da crítica da geografia a uma geografia crítica. Hucitec, São Paulo, 1980.


Compreender as Ciências Humanas e suas Tecnologias é garantir uma abordagem da sociedade através das suas leituras sobre a relação espaço-tempo, sobre as paisagens, sobre os lugares, sobre as conquistas e sobre as materializações humanas. Mas como fazer isso?
• Como se realiza uma abordagem da sociedade através das leituras sobre o espaço-tempo?
• Como levar em consideração as características naturais e sociais para essa análise?
• O que compõe esse espaço, essa paisagem, esses lugares? E, como descrevê-los? Como definí-los? Como interpretá-los? Como entender suas espacialidades?

Compreender o mundo em que vivemos através da leitura espaço-tempo é entender o significado dos lugares. A identificação dos lugares é o primeiro passo para esse estudo. O reconhecimento dos elementos que compõem o lugar possibilita ter certeza de onde você está e das relações sociais nele constituídas. As reflexões de Ana Fani Alessandri Carlos corroboram nosso objetivo de verificar a perspectiva da Geografia enquanto ciência que explica os lugares.

“A geografia enquanto ciência começa a explicar o processo da produção espacial a partir da produção-reprodução da vida humana. Nesse sentido, o homem, de habitante, passa a ser entendido como sujeito dessa produção. Nessa perspectiva, a sociedade criadora de espaços é a sociedade tal como ela é, dividida em classes. Luta-se por uma geografia mais engajada e consciente dos problemas do homem, voltada para a realidade não só enquanto forma para a sua compreensão, mas como explicação de sua transformação. Isto porque a geografia vem se posicionando frente à realidade – entendendo-a em suas múltiplas determinações, em sua multiplicidade de tensões, de confrontações, de lutas e vem tomando consciência das contradições inerentes ao processo de construção da realidade urbana: o real em sua dimensão histórico-social”. (Carlos,1994, p.158)

Diante disso, quando lemos a paisagem de um lugar, devemos ter claro que, apesar da possível aparência semelhante, dos fluxos e das marcas construídas e reconstruídas nos lugares, existem elementos, detalhes e essências que são peculiares a cada uma deles.

Sendo resultado das transformações colocadas em prática tanto pela dinâmica da natureza, quanto pelo processo de apropriação realizado pelos grupos humanos, os lugares e as suas paisagens revelam, nas suas essências, os seus significados.

Sabemos que, ao se tornar um fenômeno mundial, o capitalismo e a maneira de viver da sociedade moderna promoveram a especialização produtiva de cada parte do planeta. No entanto, no mesmo instante, tal especialização se deu frente a um processo de homogeneização dos lugares. Por isso, compreender a divisão internacional do trabalho é importante para entendermos as semelhanças e as diferenças no mundo, nos países, nas cidades e nas paisagens.

Para identificar um lugar, não nos baseamos apenas na sua aparência, mas no reconhecimento das pessoas, das coisas que elas estão fazendo, das suas práticas, de seus sonhos, de suas formas de construir, de resistir, de marcar seu território e nas fronteiras que constroem diariamente.

O que nos faz reconhecer a paisagem de algum lugar é um conjunto de fatores que vão além da sua aparência. É preciso verificar o significado dos lugares. Conhecer a sua importância, as suas configurações, suas relações, suas regras, os seus cheiros e os seus sabores, impregnados em cada espaço construído.

Somando-se a tudo isso, para conhecer um lugar é preciso conhecer as regras que dão identidade às suas paisagens, pois só assim poderemos perceber se as coisas e situações estão ou não de acordo com uma certa ordem. Viver em um lugar onde não podemos identificar as regras na paisagem é, no mínimo, perigoso.
No cotidiano do espaço construído, a associação entre as marcas na paisagem e as regras que correspondem a elas é feita quase que automaticamente. Viver nesse mundo moderno implica reconhecer, a todo instante, as regras que estão postas em cada lugar. seja qual for a sua forma ou sua simbologia. No entanto, quando isso não é possível ou não está claro, uma infinidade de conflitos podem ocorrer.

Olhar a paisagem de uma cidade, por exemplo, é decodificar seus símbolos, é inserir-se de forma autônoma no espaço construído, é vivenciar aquilo que esta posto. Diante disso, Calvino demonstra claramente o universo da cidade e de sua simbologia.

“Caminha-se por vários dias entre árvores e pedras. Raramente o olhar se fixa numa coisa, e, quando isso acontece, ela é reconhecida pelo símbolo de alguma outra coisa: a pegada na areia indica passagem de um tigre; o pântano anuncia uma veia de água; a flor o hibisco, o fim do inverno. O resto é mudo intercambiável – árvores e pedras são apenas aquilo que são.
Finalmente, a viagem conduz à cidade... penetra-se por ruas cheias de placas que pendem das paredes. Os olhos não vêem coisas, mas figuras de coisas que significam outras coisas: o troques indica a casa do tira-dentes; o jarro, a taberna; as alabardas, o corpo de guarda; a balança, a quitanda. Estátuas e escudos reproduzem imagens de leões, delfins, torres, estrelas: símbolo de que alguma coisa – sabe-se lá o quê – tem como símbolo um leão ou delfim ou torre ou estrela. Outros símbolos advertem aquilo que é proibido em algum lugar – entrar na viela com carroças, urinar atrás do quiosque, pescar com vara na ponte – e aquilo que é permitido – dar de beber às zebras, jogar bocha, incinerar o cadáver dos parentes (...) Se um edifício não contém nenhuma insígma ou figura, a sua forma e o lugar que ocupa na organização da cidade bastam para indicar a sua função: o palácio real, a prisão, a casa da moeda, a escola, o bordel. Mesmo as mercadorias que vendedores expõem em suas bancas valem não por si próprias mas como símbolos de outras coisas: a tira bordada para a testa significa elegância; a pulseira para o tornozelo, voluptuosidade. O olhar percorre as ruas como se fossem páginas escritas: a cidade diz tudo o que você deve pensar...”. (Calvino,1999, pp.17/18 )

No entanto, quando não conseguimos fazê-lo, ou quando isso é impossível, - quando as regras não estão expressas, quando os símbolos postos não expressam suas múltiplas verdades, mas uma verdade hegemônica, fragmentada e ideológica - a situação de conflito vem à tona, pois os símbolos e códigos são decifráveis para uns e não para outros. Sendo assim, os conflitos se manifestam e se reproduzem de forma desigual, indicando que aqueles que conhecem o significado dos símbolos em questão tem uma maior probabilidade de prevalecer.

Esse é um dos papeis fundamentais das Ciências Humanas, possibilitar a todos a decodificação dos símbolos e a leitura do tempo e do espaço, garantindo, assim, uma igualdade na ocupação dos territórios por todos os humanos.

As paisagens das cidades do mundo revelam essa forma de organização social. Os lugares das cidades modernas materializam a exclusão, uma vez que não garantem a todos as suas construções simbólicas. Cria-se, assim, uma simbologia fragmentada, “guetifica-se” o espaço da totalidade, e é essa fragmentação que sustenta a relação entre opressores e oprimidos.

Na ocupação do espaço no mundo globalizado, se constituiu uma lógica capaz de atender aos objetivos que motivaram sua formação, que, sabemos, estão relacionados às necessidades de manutenção da forma de viver das sociedades modernas, assentadas na produção, na circulação e na materialização das idéias dos grupos hegemônicos.

Assim, as múltiplas paisagens, que vão se constituindo no mundo obedecem à mesma lógica indispensável da concretização do processo produtivo, nas suas mais variadas etapas ou funções.

Para nós, a sociedade civil deve ser entendida como a esfera das relações entre indivíduos, entre grupos e classes sociais que se desenvolvem à margem de poder que caracterizam as relações estatais, que é representada como o terreno dos conflitos econômicos, ideológicos, sociais e religiosos que o Estado tem a seu encargo resolver. (Bobbio, 1992)

Todas essas etapas ou funções aparecem como imposições determinantes dos lugares que cada uma delas deverá freqüentar ou habitar, e isso depende da função que cada um ocupa no processo produtivo e na estrutura da sociedade, e não de suas opções individuais.

Entender as muitas relações existentes entre os lugares e as diferenças entre eles, para eliminar as desigualdades entre os lugares, que são frutos da impossibilidade de escolhas, concretizada na ausência do respeito às opções, deveria ser a base estruturante dos projetos que visam a melhoria da qualidade de vida em qualquer lugar do planeta.

Sabemos que a desigualdade gera paisagens diferentes. Os ganhos ou salários desiguais também produzem diversos tipos de paisagens. No entanto, as diferenças materializadas nos vários lugares deveria ter como base a própria diferença, não a desigualdade; isso porque acreditamos na possibilidade de construção de uma sociedade sustentada em um projeto que não seja homogeneizador e excludente.

As reflexões de Marcos Reigota corroboram nossa análise:

“Sempre vamos querer muito, mesmo que modestos. Dessa forma a cidadania que queremos não é apenas a cidadania local... Queremos o direito de ser cidadãos e cidadãs do mundo, pelo fim dos colonialismos e neo-colonialismos sutis e concretos. Nesse planeta, não reivindicamos mais só o direito à igualdade, mas também o direito à diferença. Somos iguais e diferentes ao mesmo tempo, as diferenças devem nos unir e não nos separar, devem resistir às tentativas de homogeneização da vida, de nos fazer cópias de baixa qualidade de um modelo único de vida. Queremos as possibilidades de encontros nas diferenças, a possibilidade de expressar os nossos acordos e desacordos, em tudo o quer diz respeito à vida...”. (Reigota, 1997, p.201)

Os lugares sendo o tempo e o espaço do cidadão e da cidadania, conforme fundamentamos anteriormente, deveriam garantir a possibilidade desses encontros e desses acordos, tendo como princípio o respeito às diferenças. Entretanto, existe algo muito mais forte que se materializa e que constrói as relações entre os lugares e as pessoas, e que sistematiza as regras e os conflitos: são as formas de produzir esses espaços e as relações sociais de produção que estão contidas na lógica das paisagens.

Portanto, os lugares fazem parte e interferem no desenvolvimento da vida das pessoas, e são, portanto, o resultado das atividades desenvolvidas por elas. Portanto, não há espaço que não revele a sua finalidade, a sua especificidade e o porquê de suas metamorfoses, como afirma Milton Santos:

“O papel específico do espaço como estrutura da sociedade vem, entre outras razões, do fato de que as formas geográficas são duráveis e, por isso mesmo, pelas técnicas que elas encarnam e às quais dão corpo, isto é, pela sua própria existência, elas se vestem de uma finalidade que é originariamente ligada, em regra, ao modo de produção precedente ou a um de seus momentos. Assim mesmo, o espaço como forma não tem, de modo algum, um papel fantasmagórico, pois os objetos espaciais são periodicamente revivificados pelo movimento social.
Pode dizer-se das formas em geral que elas se metamorfoseiam em outras formas quando o conteúdo muda ou quando muda a finalidade que lhes havia dado origem. Com a forma espacial, a questão é diferente. Pode-se adicionar-lhe uma outra forma nova, pode-se adaptá-la, ou então impõe-se destruí-la e substituí-la completamente. Mas neste último caso já não será mais a mesma forma”. (Santos, 1980, p.149)

As reflexões de Milton Santos garantem nossa análise, demonstrando que vivenciar os lugares é importante para todos; fazer parte da construção/reconstrução de seus símbolos, entender a metamorfose por qual passa cada lugar, a mudança nas regras, nas suas paisagens e nas suas geografias é fundamental para entender a sua dinâmica, aquilo que está posto, aquilo que ganha forma e se concretiza.

Diante disso, compreender o mundo em que vivemos exige fazer observações que permitam identificar as semelhanças, as desigualdades e as diferenças entre os tempos e os lugares; bem como as relações entre as pessoas e as instituições, os conflitos pelo poder e a relação econômica e produtiva colocada em prática nesses lugares, tendo como objetivo buscar os seus significados.

Por isso a paisagem não é permanente, ela registra as mudanças que acontecem nos lugares. Conhecer e sistematizar a história de um lugar, territorializando as mudanças, é fundamental para fazer compreender as Ciências Humanas.

Além disso, há uma infinidade de lugares, distantes ou próximos, que estão relacionados direta ou indiretamente conosco. É preciso entender as múltiplas relações existentes entre os lugares e que há um princípio básico que sempre devemos considerar para compreender as Ciências Humanas: apesar das diferenças e das distâncias entre os lugares, eles são muito dependentes uns dos outros, isto é, existem entre eles relações que precisam ser descobertas.

Assim, a relação entre lugares e a relação entre lugares e pessoas significa, na verdade, um amplo conjunto de formas de trabalho e de culturas materializado em inúmeras paisagens. Todos os lugares possuem uma história, fatos e fenômenos que podem ser territorialmente demarcados e que são de suma importância para sua caracterização geográfica. Novamente, Milton Santos corrobora nossa análise:

“Uma região produtora de algodão, de café ou de trigo. Uma paisagem urbana ou uma cidade de tipo europeu ou de tipo americano. Um centro urbano de negócios e as diferentes periferias urbanas. Tudo isso são paisagens, formas mais ou menos duráveis. O seu traço comum é ser a combinação de objetos naturais e de objetos fabricados, isto é, objetos sociais, e ser o resultado da acumulação da atividade de muitas gerações (...)
A paisagem não tem nada de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um processo de mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e à paisagem que se transforma para se adaptar às novas necessidades da sociedade (...)
Considerada em um ponto determinado no tempo, uma paisagem representa diferentes momentos do desenvolvimento de uma sociedade. A paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos. Para cada lugar, cada porção do espaço, essa acumulação é diferente: os objetos não mudam no mesmo lapso de tempo na mesma velocidade ou na mesma direção.
A paisagem, assim como o espaço, altera-se continuamente para poder acompanhar as transformações da sociedade. A forma é alterada, renovada, suprimida para dar lugar a uma outra forma que atenda às necessidades novas da estrutura social”.(Santos, 1991,pp.37/38)

Conhecer a história de um lugar é fundamental para compreendermos sua Geografia, justamente por ela estar materializada em suas paisagens. Contudo, para entender o mundo em que vivemos, precisamos considerar tanto os fatores que fazem com que elas sejam muito semelhantes em certos aspectos, como aqueles que as tornam únicas.

Devemos entender que as mudanças visam atender aos interesses de uma parcela da sociedade civil, que infelizmente não é a maioria, pois vivenciamos uma maneira de viver em que opressores garantem seus movimentos e materializam aquilo em que acreditam ser verdade. Por isso, nem sempre as semelhanças e diferenças entre os lugares são tão evidentes.

Nesse sentido, as reflexões de Ruy Moreira sustentam nossa fundamentação:

“Disséramos que o espaço pode ser concebido por intermédio de uma metáfora. Se observarmos uma quadra de futebol-de-salão, notaremos que o arranjo do terreno reproduz as regras desse esporte. Basta aproveitarmos a mesma quadra e nela superpomos o arranjo espacial de outras modalidades de esporte, como vôlei, basquete ou handball, cada qual com “leis” próprias, para notarmos que o arranjo espacial diferirá para cada uma. Diferirá porque o arranjo espacial reproduz as regras do jogo, e estas regras diferem para cada modalidade de esporte considerado. Se fossem as mesmas “leis” para todas, o arranjo seria um só. Assim também é o espaço geográfico com relação à sociedade. O arranjo do espaço geográfico exprime o “modo de socialização” da natureza. Tal o modo de produção, tal será o espaço geográfico (...) O espaço é a sociedade vista como sua expressão material visível. A sociedade é a essência, de que o espaço geográfico é a aparência, encerrando esta síntese o fundamento da teoria e do método geográficos”. (Moreira, 1981, p.35 )

Os lugares estão cheios de regras, neles se expressam as leis que a sociedade elaborou nesse jogo truncado da construção da urbanidade. E foi na busca dos significados dos lugares, observamos a relação aparência/essência, para sistematizar as materializações da maneira de viver desta sociedade.

Sendo assim, não desprezamos nenhum aspecto que contribui para essa explicação, que deseja garantir uma apropriação dos mecanismos básicos das múltiplas formas que estão materializadas nos lugares.

Assim, compreender o significado dos lugares é o fundamento das competências das ciências humanas e suas tecnologias. Assim, educadores e educandos devem ler o tempo-espaço, buscando explicações para decodificar o que está posto para os lugares do planeta, do nosso país e de nossas cidades.



No próximo texto, continuaremos refletir sobre as competências de ciências humanas e suas tecnologias.



Bibliografias para Consulta
BOBBIO, N. Estado, governo sociedade – para uma teoria geral da política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
BOBBIO. N. Estudos Sobre Hegel – Direito, Sociedade Civil, Estado. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista: Brasiliense, 1995.
CALVINO, I. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Cia das Letras, 1991.
CARLOS, A. F. A . Repensando a Geografia Urbana: uma nova perspectiva se abre. In: CARLOS, A . F. A . (Org.) Os Caminhos da Reflexão sobre Cidade/ Urbano. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
CARLOS, A. F. A. São Paulo a “anti-cidade?”. In: SOUZA, M.A.A. et all (Org.) Metrópole e Globalização: Conhecendo a Cidade de São Paulo. São Paulo: Ed. CEDESP, 1999.
CASTELLS, M. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, A. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Ed.Unesp, 1991.
MOREIRA, R. O que é Geografia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MOREIRA, R. O Círculo e a Espiral - A crise paradigmática do mundo moderno. Rio de Janeiro: Obra Aberta, 1993.
MOREIRA, R. O movimento operário e a questão cidade-campo no Brasil: estudo sobre sociedade e espaço. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, 1985.
MOREIRA, R. Repensando a Geografia. In: SANTOS, M. (Org.) Novos Rumos da Geografia Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1988.
REIGOTA, M. Educação Ambiental e Ética. In: Muda o Mundo Raimundo! Brasília: Ministério da Educação/WWF, 1997.
SANTOS, D. A tendência à desumanização dos espaços pela cultura técnica. São Paulo, Depto. de Geografia da PUC/SP, 1995
SANTOS, D. Sobre os conceitos de revolução e meio técnico-científico. In: Espaço Sociedade Ano 3 n.º 3, Boletim Carioca de Geografia, Rio de Janeiro, 1987/1988
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São Paulo: Ed. Hucitec, 1993
SANTOS, M. Espaço & Método. São Paulo: Nobel, 1992.
SANTOS, M. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Ed. Hucitec, 1988.
SANTOS, M. O trabalho do Geógrafo no terceiro mundo. São Paulo: Hucitec, 1986.
SANTOS, M. Pensando o Espaço do Homem. São Paulo: Hucitec, 1991
SANTOS, M. Por Uma Economia Política da Cidade. São Paulo: Hucitec, 1994.
SANTOS, M. Por Uma Geografia Nova. São Paulo: Ed. Hucitec, 1980.
SARAMAGO, J. Objecto Quase. São Paulo: Cia das Letras, 1994.
SASSEM, S. A Cidade Global. In, LAVINAS. L, et all. Reestruturação do Espaço Urbano e Regional no Brasil. São Paulo: Hucitec/ANPUR, 1993
SCARLATTO, F.C. Metropolização de São Paulo e o Terceiro Mundo. São Paulo: IGLU, 1987.


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Outras informações sobre o ENEM
Fonte: MEC
MEC (Ministério da Educação) anunciou nesta terça-feira (31) a proposta de criação de um novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Pelo projeto, a avaliação substituiria os vestibulares das universidades federais do país e passaria a ter 200 questões de múltipla escolha - atualmente a prova é composta por 63 - além da redação que já é aplicada.

O Ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que espera que o novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) represente "o fim do vestibular tradicional". "Será uma prova que combina as virtudes do Enem com as virtudes do vestibular criando um novo conceito", disse

Não há data definida, no entanto, para a implantação do projeto: "Não seremos açodados [apressados]. Se os reitores quiserem enfrentar esse desafio já este ano, temos condições técnicas para avançar. O que queremos dizer para o país e para a rede de educação superior é que o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que realiza a prova] está preparado para isso", afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad.

A implantação do novo Enem como forma de seleção para as federais depende ainda de análise dos reitores da universidades. O ministério espera receber um posicionamento dos dirigentes na próxima semana. A nova prova poderá, inclusive, acabar com a exigência do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) para ingressantes nas universidades.

De acordo com o projeto apresentado, o Enem seria aplicado em dois dias diferentes, no mês de outubro - não mais em agosto - com resultados divulgados no início de janeiro. Metade dos testes ficaria para o primeiro dia, e metade para o segundo, junto da dissertação.

Conteúdo do novo Enem

O conteúdo da prova ainda não foi definido e, segundo o MEC, terá de ser construído em parceria com as universidades federais. O que já se sabe é que a prova deverá ser baseada em habilidades e competências e terá quatro eixos: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.

O ministério afirma que os novos eixos aproximariam o Enem das Diretrizes Curriculares Nacionais e do que já é ensinado na escola - mas sem abandonar as questões contextualizadas, que exigem a solução de problemas com as habilidades dos estudantes. A ideia seria seguir os temas que já são avaliados no Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), o supletivo do MEC.

Maior nível de dificuldade
Como a ideia é que o Enem sirva como vestibular, o MEC afirma que a prova terá itens mais complexos. Assim, as perguntas mais difíceis seriam capazes de selecionar os candidatos com melhor preparo.

As perguntas serão elaboradas de acordo com os conteúdos definidos pelas federais com o ministério; com base na literatura e na prática de realização de provas. Os itens serão pré-testados, para identificar o nível de dificuldade e a probabilidade de acerto com o chute dos alunos.

Segundo o Inep, os testes terão diferentes níveis de dificuldade que permitirão identificar as habilidades dos estudantes.

Por que mudar o Enem?
O MEC argumenta que o vestibular desfavorece candidatos que não podem se locomover pelo território. Assim, um jovem que queira prestar medicina e tenha problemas financeiros, dificilmente poderá participar de processos seletivos de diferentes faculdades - e terá suas chances de aprovação diminuídas.

Por outro lado, as federais localizadas em Estados menores ficam restritas aos candidatos de suas regiões.

De acordo com a Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), de todos os estudantes matriculados no primeiro ano do ensino superior, apenas 0,04% residem no estado onde estudam há menos de um ano. Isso significa que é muito baixa a mobilidade entre estudantes nas diferentes unidades da Federação. Nos Estados Unidos, 19,2% dos alunos mudam de estado para cursar a universidade ou o chamado college.

A pasta diz que poderá aumentar as verbas para assistência acadêmica das universidades, para que candidatos de diferentes estados possam se manter estudando.

Além disso, o ministério afirma que um exame nacional unificado, desenvolvido com base em habilidades e conteúdos mais relevantes, passaria a ser importante para definir a política educacional e o conteúdo a ser ensinado no segundo grau.


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Simone Harnik
Fonte G1 - Educação
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (31) que espera que o novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) represente "o fim do vestibular tradicional". "Será uma prova que combina as virtudes do Enem com as virtudes do vestibular criando um novo conceito", disse.

Segundo o ministro, a prova permitirá mobilidade em todo o território para os candidatos que pretendem prestar vestibular nas universidades federais.

A aplicação do novo modelo do exame não necessita, de acordo com Haddad de 100% da adesão das faculdades. "Talvez possamos dar o passo inicial ainda este ano", afirmou

O novo Enem pretende avaliar habilidades e competências dos estudantes. "O que queremos é que o aluno saiba o que está por trás dos fenômenos da química, da física. Queremos caminhar para uma capacidade analítica mais apurada. Não tenho dúvidas de que esse é o caminho.

Mais chances de ingresso na universidade

A adoção do novo modelo de Enem pode significar mais chances de ingresso na faculdade para os vestibulandos. Até mesmo para quem busca vagas no Prouni (Programa Universidade para Todos).

Isso porque, atualmente, duas edições da avaliação não podem ser comparadas entre si. Não é possível, por exemplo, saber se quem acertou 45 questões no Enem 2007 é melhor ou pior do que outro estudante que fez 50 pontos no Enem 2008.

Hoje, para entrada no Prouni, apenas a nota do último Enem é levada em conta. Já com a implantação da nova prova, será possível a comparação de diversas edições do exame. O candidato poderá pleitear vagas mais de uma vez, tendo realizado apenas um exame.

Independência das federais
As universidades federais que quiserem adotar a proposta de seleção não precisam abrir mão de outros critérios de ingresso de candidatos, explicou o ministro. Assim, cursos que aplicam provas de habilidades específicas, como o de arquitetura, poderão mantê-las.

O mesmo acontece para processos seletivos seriados, como o PAS (Programa de Avaliação Seriada) da UnB (Universidade de Brasília) ou para políticas de ação afirmativa - eles podem ser mantidos pelas federais que adotarem o novo Enem.

"A adesão não é impeditivo para outras iniciativas de seleção nem de outras formas de ingresso", atestou Haddad.

Menos provas para os candidatos

Se as federais aderirem, o estudante poderá pleitear vagas em mais de uma federal tendo realizado apenas uma prova - o que diminui a bateria de exames vestibulares a que os alunos são submetidos.

O MEC pretende ainda eliminar a realização do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) para os ingressantes nas universidades e poderá até mesmo extinguir a prova do Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), o supletivo do ministério.