Talita Boros
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Blogueiro do UOL, preso na Inglaterra, relata experiência
Nessa vida de jornalista, já não decolei por excesso de chuva no Rio de Janeiro. Fiquei em solo por conta de fumaça de queimada na Amazônia. Por conta de dívidas de combustível de aviação em Recife. Por avião quebrado (de velho) na Indonésia. Greve de controladores aéreos em Brasília. Ameaças falsas de bomba em Angola. Aquele triste desastre em São Paulo. Um piriri em Salvador. Até turbina soltando fumacinha esquisita em Cuiabá.
Estou em Manchester, Inglaterra, e meu voo foi cancelado por causa das cinzas do vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull. Aeronave nenhuma levanta até amanhã de manhã – na melhor e mais otimista das hipóteses. E enquanto aquela massa mineral flutuante não se dissipar, eu – que, estupidamente, morro de medo de voar – não quero entrar nem por decreto em algo que vá lá em cima.
Em todos os casos que fiquei no chão, havia sempre algum responsável humano, em maior ou menor grau, envolvido – de um presidente da República que não fez a lição de casa a um idiota que comeu muito vatapá. Desta vez, não.
Assustador perceber que a gente não tem controle sobre a própria desgraça. Ou, pior. Que a gente não tem a quem culpar.
Por Leonardo Sakamoto
A enorme nuvem de cinzas do vulcão islandês, que fica sob a geleira Eyjafjallajokull, se espalhou ainda mais sobre a Europa nesta sexta-feira (16). Segundo o boletim divulgado às 11h30 pela Eurocontrol (Agência Europeia para a Segurança na Navegação Aérea), ao todo 13 países em todo o continente tiveram que restringir o espaço aéreo por conta da fumaça. Reino Unido, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Estônia estão com todos os aeroportos completamente fechados. Já a França, Alemanha, Irlanda, Polônia, Suécia e República Tcheca estão com fechamentos parciais. Somente hoje, 17 mil voos foram cancelados.
No Brasil, a British Airways, principal companhia aérea que realiza viagens para o Reino Unido, informou que nove voos foram cancelados: 246 de Buenos Aires para Guarulhos (SP) às 12h15; 246 de Guarulhos (SP) para Londres às 16h15; 246 de Buenos Aires para Guarulhos (SP) às 14h50, 247 de Guarulhos (SP) para Buenos Aires às 07h05; 247 de Londres para Guarulhos (SP) às 21h50; 247 de Londres para Guarulhos (SP) às 05h15; 247 de Guarulhos (SP) para Buenos Aires às 09h50,;248 do Galeão (RJ) para Londres às 14h15. Outro voo de número 247, marcado para sábado (17), que sairia de Buenos Aires para Guarulhos (SP) às 07h05, também foi cancelado.
A British divulgou um comunicado que diz para os passageiros não irem aos aeroportos do país antes de checar o status dos voos, que pode ser feito por meio do site da empresa. A companhia disse também que todos os passageiros afetados poderão alterar a data do voo sem multa, desde que seja na mesma classe.
Segundo a assessoria da companhia aérea TAM, o voo JJ 8070, que partiu de Guarulhos (SP) às 22h24 de ontem com destino a Frankfurt, com 356 passageiros e 19 tripulantes a bordo, teve de ser alternado para Milão, na Itália devido ao fechamento do aeroporto de Frankfurt, na Alemanha. A companhia informa que providenciou alimentação e hotel para os passageiros, que serão reacomodados nas opções de voos disponíveis após a reabertura do aeroporto.
Nesta sexta-feira os voos JJ8084 e JJ8070, que sairíam de Guarulhos (SP) para Londres e Frankfurt, respectivamente, foram cancelados. Os passageiros afetados devem remarcar a data da viagem. Segundo a empresa, todo o procedimento de remarcação será isento de taxa ou de diferença tarifária.
A Air France e a KLM, companhias aéreas francesa e holandesa, respectivamente, também cancelaram voos que tinham o Brasil como destino ou partida. Segundo a assessoria das duas empresas, os voos 459 e 445 da Air France que saíriam de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ) às 19h15 e 19h05 de hoje, respectivamente, com destino a Paris foram cancelados. O voo 792 da KLM de Guarulhos (SP) para Amsterdam às 19h05 também foi cancelado.
Raio-x da Islândia:
Nome oficial: República da Islândia
Capital: Reykjavík
População: 306.694
Tipo de governo: República Constitucional
Clima: Temperado; moderado pela Corrente do Atlântico Norte, inverno suave, ventoso, úmido, verão fresco
Relevo: Maioria de planaltos intercalados com picos de montanhas e campos gelados; litoral profundamente recortado por baías e fiordes
Perigos naturais: Terremotos e atividade vulcânica
Fonte: CIA Factbook
Capital: Reykjavík
População: 306.694
Tipo de governo: República Constitucional
Clima: Temperado; moderado pela Corrente do Atlântico Norte, inverno suave, ventoso, úmido, verão fresco
Relevo: Maioria de planaltos intercalados com picos de montanhas e campos gelados; litoral profundamente recortado por baías e fiordes
Perigos naturais: Terremotos e atividade vulcânica
Fonte: CIA Factbook
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que as companhias aéreas afetadas pelo fechamento dos aeroportos da Europa devem prover alimentação, hospedagem e remarcação dos bilhetes para todos os passageiros afetados depois de 4h de espera nos aeroportos. Caso os passageiros sejam avisados dos cancelamentos ou atrasos com antecedência, antes das pessoas saírem de casa para o aeroporto, esse apoio não é obrigatório.
De acordo com o último boletim da Eurocontrol, a previsão é que a nuvem de cinzas vulcânicas continue a se mover para o leste e o sudeste, e espera-se que os fechamentos dos aeroportos permaneçam até pelo menos as próximas 24 horas.
Vulcão
A erupção na geleira Eyjafjallajokull, na Islândia, lançou na atmosfera uma coluna de cinzas com até 6 quilômetros de altura e, após 40 horas de atividade, o vulcão não dá sinais de adormecer. Ele fica sob a quinta maior geleira islandesa e já teve cinco erupções desde que se assentou no subterrâneo, no século 9.
A geleira Eyjafjallajokull tem uma cratera vulcânica de 2,5 quilômetros de diâmetro, coberta de gelo. Fissuras permitem que haja fluxos de lava nos flancos leste e oeste desse chamado estratovulcão, que é formado por camadas alternadas de cinzas, lava e pedras ejetadas por erupções anteriores.
Quando o vulcão entrou em erupção, no final de março, ele abriu uma fissura de 500 metros, produzindo fontes de lava ao longo da rachadura.
A nuvem de cinza foi formada por meio de um processo chamado de fragmentação, que ocorre em vários estágios. Primeiro, o magma que viaja sob pressão em dutos subterrâneos é estilhaçado pela expansão dos gases.
Como a pressão perto da superfície é menor, o magma se transforma numa fina cinza vulcânica, a qual se fragmenta em partículas ainda menores ao entrar em contato com o gelo glacial na superfície da cratera. A poeira fina se funde com o vapor que sobe da cratera, formando uma coluna escura que se ergue aos céus.
"É como uma garrafa de refrigerante quando você tira a tampa", disse o vulcanólogo islandês Armann Hoskuldsson, descrevendo o que acontece com o magma ao viajar para a superfície.
"Ao mesmo tempo, há pouco vento na Europa para dispersar a coluna", afirmou Freystein Sigmundsson, pesquisador do Instituto de Ciências da Terra, da Universidade da Islândia, em Reykjavík.
De acordo com o último boletim da Eurocontrol, a previsão é que a nuvem de cinzas vulcânicas continue a se mover para o leste e o sudeste, e espera-se que os fechamentos dos aeroportos permaneçam até pelo menos as próximas 24 horas.
Vulcão
A erupção na geleira Eyjafjallajokull, na Islândia, lançou na atmosfera uma coluna de cinzas com até 6 quilômetros de altura e, após 40 horas de atividade, o vulcão não dá sinais de adormecer. Ele fica sob a quinta maior geleira islandesa e já teve cinco erupções desde que se assentou no subterrâneo, no século 9.
A geleira Eyjafjallajokull tem uma cratera vulcânica de 2,5 quilômetros de diâmetro, coberta de gelo. Fissuras permitem que haja fluxos de lava nos flancos leste e oeste desse chamado estratovulcão, que é formado por camadas alternadas de cinzas, lava e pedras ejetadas por erupções anteriores.
Quando o vulcão entrou em erupção, no final de março, ele abriu uma fissura de 500 metros, produzindo fontes de lava ao longo da rachadura.
A nuvem de cinza foi formada por meio de um processo chamado de fragmentação, que ocorre em vários estágios. Primeiro, o magma que viaja sob pressão em dutos subterrâneos é estilhaçado pela expansão dos gases.
Como a pressão perto da superfície é menor, o magma se transforma numa fina cinza vulcânica, a qual se fragmenta em partículas ainda menores ao entrar em contato com o gelo glacial na superfície da cratera. A poeira fina se funde com o vapor que sobe da cratera, formando uma coluna escura que se ergue aos céus.
"É como uma garrafa de refrigerante quando você tira a tampa", disse o vulcanólogo islandês Armann Hoskuldsson, descrevendo o que acontece com o magma ao viajar para a superfície.
"Ao mesmo tempo, há pouco vento na Europa para dispersar a coluna", afirmou Freystein Sigmundsson, pesquisador do Instituto de Ciências da Terra, da Universidade da Islândia, em Reykjavík.
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