Matéria: Uma proposta para prédios abandonados no Centro Histórico
O Projeto Retrofit Edifício Praça XV, do arquiteto e urbanista Marcelo Gotuzzo recebeu recentemente a menção honrosa no Concurso Nacional de Projetos de Arquitetura Ópera Prima 2011 - realizado pelo IAB, em parceria com a Revista Projeto Design. Mestrando em Arquitetura pela UFRGS, Gotuzzo estuda referências de reciclagens de edificações promovidas por comunidades autônomas. E vê potencial para este tipo de uso no prédio, conhecido como esqueleto da Praça XV, que se encontra inacabado há cerca de 60 anos, em pleno Centro Histórico de Porto Alegre.
De acordo com o arquiteto, o edifício tem potencial de revitalização nos moldes da participação coletiva, pois possui uma grande estrutura ociosa em local de fácil acesso a todas as comunidades do grande perímetro urbano da capital. Ele explica que a "recuperação proposta é voltada para o uso público, com projetos de inclusão social, e, se viabilizada, trará enorme retorno à cidade, que há 60 anos aguarda o desfecho dos 20 andares da estrutura pronta em concreto armado desta edificação inacabada". Gotuzzo afirma que a iniciativa é apoiada pelos proprietários da edificação e diversas entidades autônomas consultadas.
De acordo com o arquiteto, o edifício tem potencial de revitalização nos moldes da participação coletiva, pois possui uma grande estrutura ociosa em local de fácil acesso a todas as comunidades do grande perímetro urbano da capital. Ele explica que a "recuperação proposta é voltada para o uso público, com projetos de inclusão social, e, se viabilizada, trará enorme retorno à cidade, que há 60 anos aguarda o desfecho dos 20 andares da estrutura pronta em concreto armado desta edificação inacabada". Gotuzzo afirma que a iniciativa é apoiada pelos proprietários da edificação e diversas entidades autônomas consultadas.
Entre os apoiadores e idealizadores do projeto estão a Comunidade Utopia e Luta e Valther Maestro, que tem participação em diversos projetos autônomos, na área da formação e geração de renda.
O arquiteto afirma que o professor Maestro "realiza projetos pedagógicos vanguardistas, no âmbito mundial, junto às comunidades que vivem em áreas de periferia no Brasil". Quanto ao uso, o projeto propõe um Centro Comunitário Autônomo com estrutura de uso público a ser gerenciada e mantida pela própria comunidade através de associações, cooperativas e ONGs. O arquiteto ressalta que "convivem no projeto de recuperação desta grande estrutura os usos da habitação, cultura, formação, geração de renda, autonomia alimentar com terraços produtivos e enfermaria para assistência médica básica."
O educador Valther Maestro |
Quanto à implantação do projeto, na reciclagem mantém-se grande parte do concreto armado original. Gotuzzo ressalta que "laudo técnico recente atesta a viabilidade do uso desta estrutura, o que significa uma redução no custo da obra." Além disso, explica que se somam, a esta estrutura original, novos elementos em estrutura metálica, com fechamentos leves e pré-fabricados.
As adições são conectadas externamente - e de forma sutil - ao corpo da edificação original. "Este tipo de construção possibilita uma obra limpa, segura e rápida, além de fazer uma clara distinção entre o novo e a estrutura pré-existente", afirma.
No total, são 10.513 m² de área construída, sendo 6.800 m² desta área destinada à habitação, e 3.713 m² destinados a projetos diversos, no Centro Comunitário Autônomo. Assista o video com passeio virtual: www.autogere.blogspot.com
Vanessa Borsato, Jornalista.
Artigo: Uma alternativa para a recuperação dos edifícios abandonados no Centro Histórico
Há um enorme potencial das iniciativas autônomas - a partir da autodeterminacão popular - na reanimação de edificações decadentes.Em Nova York, décadas de 1960 e 1970, muitos artistas, de forma autônoma, realizaram reciclagens em edificações abandonadas situadas em distritos industriais. Os galpões e armazéns, antes decadentes e inóspitos, foram transformados em lofts residenciais e atelieres de arte, como vemos no bairro Soho: antes abandonado e inseguro e hoje área valorizada pela sua ocupação heterogênea onde predominam lojas e espaços de arte.
Atualmente nos países desenvolvidos vemos diversas recuperações de edificações abandonadas, criando-se equipamentos de moradia social e centros comunitários autônomos, com diversos projetos inclusivos animando estes locais.
No contexto latinoamericano, as estruturas abandonadas ocorrem não somente em áreas de declínio da indústria, mas também em áreas centrais das cidades em expansão urbana do séc. XXI. Exemplos de autonomia popular estão sendo observados e estudados por pesquisadores de diversos países.
Aliás, este foi tema amplamente discutido nos últimos fóruns internacionais de habitação, planejamento e arquitetura, como o 54º IFHP Congresso da Federação Internacional de Habitação e Planejamento (Porto Alegre, 2010) e na Bienal Internacional de Arquitetura (Rotterdam, 2009). Esta última propôs a criação de um "squat city manual" - um estudo científico que visa alertar da importância destas iniciativas autônomas junto às comunidades menos favorecidas, excluídas do sistema tradicional econômico e político.
Eduardo Solari, da Comunidade Utopia e Luta |
No Brasil a Comunidade Utopia e Luta produziu uma recuperação exemplar em edificação ociosa no Centro Histórico de Porto Alegre, com diversas famílias beneficiadas e projetos de inclusão social.
Texto: Marcelo Gotuzzo
Nenhum comentário:
Postar um comentário